
Porto Velho (RO) ocupa o 5º lugar entre as capitais da Amazônia Legal no ranking de mortes violentas intencionais. Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022, divulgado nesta semana pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
De acordo com o levantamento, 13 das 30 cidades mais violentas do país estão na Amazônia Legal. Com isso, a taxa de violência letal na região é 38% superior à média nacional.

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública apresenta dados de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte, policiais civis e militares mortos em situação de confronto e morte decorrente de intervenção policial.
Ao todo, em 2021 houve aumento de 11,23% em mortes violentas em comparação com 2020. Foram 244 mortes a mais que em 2020. Manaus (AM) ocupa o primeiro lugar no ranking de capitais com mais de mil mortes só em 2021. E Porto Velho em 5º.
Ranking de mortes violentas na Amazônia Legal
1º Manaus – 1189 mortes violentas;
2º Belém – 340;
3º Macapá – 330;
4º São Luís – 257;
5º Porto Velho – 178;
6º Boa Vista – 152;
7º Rio Branco – 103;
8º Palmas – 70;
9º Cuiabá – 66;
Porém, ao levar em consideração dados sobre homicídio doloso, Rondônia passa para o 4º lugar. De 2020 a 2021, Manaus teve aumento de 61,34% em homicídio. Em 2º, Boa Vista (RR) com 28%. Em 3º, Macapá (AP) com 21,85%. E Porto Velho em 4º, com 14,18%. São Luiz (MA), Belém (PA), Palmas (TO), Cuiabá (MT) e Rio Branco (AC) apresentaram redução.
Violência extrema na Amazônia

Segundo o anuário, os eixos que colaboram para o aumento da violência na região amazônica são o desmatamento, o garimpo ilegal, a corrupção, a criminalidade e a intensa presença de milícias e facções do crime organizado.
A região é cercada por mais de duas dezenas de organizações regionais. Além de duas grandes organizações nacionais que disputam as principais rotas nacionais e transnacionais de narcotráfico. Tais circunstâncias transformaram a Amazônia brasileira em palco de guerras que impactam fortemente os índices de violência letal em toda a região e do país.
Em junho de 2022, na região do Vale do Javari, no Amazonas, as mortes brutais do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips foi destaque nacional e internacional.
Ao longo de reportagens publicadas no Diário da Amazônia e outros meios de comunicação o mundo continua a ver a Amazônia sendo marcada pela violência, pelas recorrentes violações de direitos humanos contra a população. Prejudicando os povos tradicionais.
“O crime organizado se espraia e faz do medo sua principal mensagem. Quem ameaça seu domínio, seja quem for, corre o risco de ser assassinado e ter seus corpos mutilados, banidos e desaparecidos”, trecho publicado no anuário.
Além disso, um dos pontos que mais chamam a atenção para a Amazônia é o fato de que praticamente todos os 13 municípios com taxas médias superiores a 100 por 100 mil habitantes estão localizados ou imediatamente ao lado ou próximos a Terras Indígenas e das fronteiras com os demais países da Pan Amazônia.
Conflitos na região amazônica
A região é marcada por conflitos que envolvem povos da floresta, empresas mineradoras, madeireiros, garimpeiros, grileiros, pescadores ilegais, dentre outros.
A história dos conflitos na Amazônia é marcada por uma geografia da violência envolvendo uma complexidade de interesses e diversos atores, inclusive o próprio Estado atua como um dos responsáveis pela manutenção das desigualdades e dos usos e abusos nos territórios.
De acordo com o tópico “A geografia da violência na região amazônica” do anuário, o modelo de economia de fronteira instalada na região gera não apenas uma crise social, mas também uma crise ecológica e epistemológica dada à necessidade de defendermos a preservação da floresta e dos saberes tradicionais dos povos da Amazônia que hoje se encontram ameaçados de extinção devido à perversidade sistema do capital e sua política de morte.
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